A quebra dos bancos

            Cara, que “doidera”!!! O casalzinho apaixonado não consegue mais pagar suas parcelas, as agências encontram dificuldade para quitar os investimentos e os bancos pegam estas hipotecas podres e as camuflam em fundos de investimentos. UFA! Que salada!

            Só que o mercado começou a sentir estas dificuldades e estes fundos, que antes saíam como água, começam a encontrar resistências em sua comercialização. O que o banco faz então? Coloca em seu estoque pessoal este lixo nuclear.

            Olha que jogada contábil interessantíssima (para quem era vendedor destes fundos, os funcionários, e não para o banco): o banco compra e reparte uma hipoteca em um milhão de pedaços ao custo de um milhão de dólares, mas ele consegue vender somente cem mil pedaços ao preço de duzentos mil dólares. Os outros novecentos mil pedaços (que custaram novecentos mil dólares) são colocados em seu estoque, veja como fica a encrenca:

	Venda de Fundos                                                              =  U$ 200.000 Custo de aquisição das hipotecas deste fundo                  = (U$ 100.000) Lucro da Operação                                                            =  U$ 100.000 Porcentagem de ganho da operação: 100 %

           

            Só que a operação real teve um custo de um milhão de dólares onde foram vendidas somente cem mil hipotecas e o resto foi para depósito do banco:

Custo de Aquisição das Hipotecas                                   = U$ 1.000.000 Vendas                                                                             =    U$ 100.000 Vai para estoque aguardar um comprador                       =    U$ 900.000 Porcentagem de perda da operação: 0 % ZERO de perda? Por que isso? Porque o que entrou em estoque é considerado ativo pelo banco. (algum dia quem sabe vira dinheiro)

           

 

            Sentiram o drama? O banco obteve na verdade um prejuízo de oitocentos mil dólares (Venda – Compra = 200.000 – 1.000.000 = -800.000) mas aponta em seu balanço que conseguiu 100 % de lucro e ainda aumentou seu ativo (o que não conseguiu vender e que talvez venderá algum dia).

            Seguindo a linha de raciocínio lógica que temos até o momento, o que imagina que o banco faria para sair deste buraco? Compra mais hipoteca podre, enfia nos fundos, vende uma merrequinha e o resto vai para o estoque.

            Depois de ver este monstrengo, chegamos à grande conclusão que colapsou o sistema financeiro mundial.

            Os bancos apresentavam recordes de lucros em seus balanços e transformavam o que seriam passivos em ativos. Com isso os seus valores estavam maquiados e aparentava que ele ia de vento em popa.

            O grande problema é que cedo ou tarde as informações vão chegando ao mercado e quando este movimento começa, os analistas se empenham mais em verificar a fundo o que está realmente ocorrendo com todo o mercado. Conforme as análises vão sendo divulgadas, as pessoas vão se apavorando e começa a haver o efeito manada (onde seres de um mesmo grupo se unem instintivamente com a finalidade de se protegerem), só que na verdade se atrapalham.         Começou então a corrida para retirar o dinheiro dos bancos antes que eles quebrassem e ficássemos com uma mão na frente e outra atrás.

            Peraí!!! Regrinha básica de mercado consiste no fato que se todas as pessoas pedirem retiradas de dinheiro, o banco quebra! Ele não tem todo o dinheiro disponível pois está tudo aplicado em investimentos e ele depende da devolução destes valores para quitar suas obrigações.

           

            Resultado: Todo mundo vai desenfreadamente aos bancos retirar o dinheiro para colocar embaixo do colchão. Os bancos vão devolvendo, vão devolvendo, vão devolvendo...  Até que não possuem mais recursos para devolver e com isso resolvem não abrir determinado dia para não haver mais saída de dinheiro (literalmente não deixam os clientes entrarem para sacar a grana).